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Fora tropas francesas do Mali!

Escrito po: Julio Turra, diretor executivo da CUT

23/01/2013

Teste

 

Nos dias 8 e 9 de janeiro, estive como dirigente da CUT presente numa reunião em Argel, capital da Argélia (norte da África) na qual se discutiu, por proposta da União Geral dos Trabalhadores (UGTA) e do Partido dos Trabalhadores daquele país, a convocação de uma segunda sessão da Conferência de emergência contra as guerras de ocupação e pilhagem tendo no centro a preocupação com uma iminente intervenção militar no vizinho Mali. A primeira sessão dessa conferência foi realizada em dezembro de 2011, com a CUT tendo sido  representada por Shakespeare Martins de sua executiva nacional.

A preocupação justificada dos companheiros argelinos era que uma nova ação imperialista na região, agora no Mali, ameaçava seu próprio país, cujo governo vinha se recusando a apoiar uma intervenção estrangeira, resistindo às pressões dos EUA e França.

Entretanto, desde 12 de janeiro, o governo francês do “socialista” François Hollande iniciou um ataque militar no Mali, com o pretexto de “luta contra o terrorismo”.

Na via aberta pela resolução 2085 do Conselho de Segurança da ONU, adotada poucos días antes, esta operação de guerra é consequência da anterior realizada pela OTAN (aliança militar dos EUA com potencias européias) na Líbia, que desmembrou este país entre tribos para se apossar de seu petróleo e gás.

Cinicamenteos mesmos grupos que foram apoiados pelas potencias ocidentais na Líbia para derrubar Khadafi, hoje são apresentados como os “bandidos” no Mali. Na verdade o que está em mira são as grandes reservas minerais de urânio, petróleo e gás existentes na região.

O Mali tem mais de 1 milhão de km2 e cerca de 16 milhões de habitantes, com sua parte norte, semi-desértica, ocupada por populações tuaregues muçulmanas e o sul, mais populoso onde está a capital, Bamako, de maioria negra. Um conflito norte-sul se desenvolvía desde abril de 2012, quando ocorreu um golpe de Estado em Bamako com o novo governo endurecendo a luta contra os “rebeldes” e apelando à ONU por uma intervenção militar. Grupos islâmicos, pelo seu lado, proclamaram a independência do norte.

Os três grupos armados do norte do Mali têm ligações com a Al-Qaeda (que participa da guerra civil na Síria nas fileiras da oposição a Assad, apoiada pelos EUA e outras potências ocidentais) e se reforçaram com armas pilhadas durante a guerra na Líbia, sendo financiados pelo Qatar, “amigo da França e dos EUA”.

A grande maioria das centrais sindicais africanas, que em dezembro estiveram presentes no congresso da Organização pela Unidade Sindical Africana (OUSA), realizado em Argel, se pronunciaram por uma solução negociada entre os malineses para a crise instalada em seu país e contra uma intervenção estrangeira. A CUT, que condenou a operação militar contra a Líbia, não ficará alheia à solidariedade aos trabalhadores e povo do Mali que é a quem cabe, com toda soberania, decidir o seu próprio destino. Fora as tropas francesas do Mali!

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