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Condenar Lula é a terceira fase do golpe, diz Dilma

23/01/2018

Afirmação foi feita no encontro Diálogos Internacionais sobre a Democracia, promovido pela Fundação Perseu Abramo e Fundação Maurício Gabrois, realizado nesta segunda em Porto Alegre

Escrito por: Walber Pinto e Érica Aragão

Em um evento com sindicalistas e políticos internacionais, que faz parte da agenda em defesa da democracia e do direito de Lula ser candidato, realizado nesta segunda-feira (22), em Porto Alegre, a presidenta Dilma Rousseff denunciou a perseguição contra o petista.

Segundo Dilma, a tentativa de tirar o ex-presidente Lula da disputa presidencial de 2018 é a terceira fase do golpe. Para ela, "não há base jurídica”, no processo do caso do tríplex do Guarujá, para uma eventual condenação.

"Lula é inocente e está sendo considerado culpado. Condenar o Lula é a conclusão da terceira etapa do golpe. Não há uma ação concreta, não é dito qual é a ação que foi feita pelo ex-presidente que o levou a algum ganho ilícito ou ilegal. Não tem. O próprio juiz Sérgio Moro não mostrou isso no processo", criticou Dilma. 

Para Victor Báez, secretário-Geral da CSA (Confederação Sindical das Américas), o que está em jogo não é apenas a liberdade do ex-presidente, mas um modelo de democracia no Brasil e na América do Sul. "O pecado do Lula não é aquele apartamento, o pecado do Lula é ter contribuído para a formação do BRICs para fortalecer o Mercosul, a Unasul e o Celac. É esse o pecado", afirmou o dirigente. 

Representante da Central de Trabalhadores da Argentina (CTA), Adolfo Aguirre acredita que defender o direito do ex-presidente se candidatar não é só uma tarefa dos brasileiros, mas de todos que lutam por democracia. "Acreditamos que o Lula fez muito pela região. Estamos aqui para dizer que uma eleição sem Lula é fraude".

Em sua fala, a ex-presidenta Dilma lembrou da atuação seletiva do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que vai revisar a sentença de Moro, juiz da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, contra o ex-presidente, nesta quarta-feira (24), no caso dos grampos de conversas que ela teve ainda no exercício do cargo. "O Tribunal que vai julgar Lula é o mesmo que disse que podia, apesar da Constituição, autorizar sem acordo com o STF, o grampo da minha conversa com o ex-presidente Lula".

Dilma disse ainda que o país passa por uma forte articulação do setor judiciário com a mídia e forças conservadoras para perseguir partidos progressistas, sindicalistas e movimentos sociais. "Essa forma de pensamento único, forma de perseguição que ocorre não só com políticos, mas com sindicalistas, faz o país viver um momento triste da história do Brasil".

Ainda segunda ela, Lula tem direito de disputar as eleições, e não "será possível" tirá-lo do jogo. "Primeiro eles não têm candidato, e segundo porque sabem que Lula tem acima de 40% nas pesquisas", afirmou. 

Direitos trabalhistas

De acordo com a ex-presidenta, o golpe, que começou com seu processo de impeachment, era apenas o começo da destruição dos direitos trabalhistas e da criminalização dos partidos de esquerda.  Ela criticou ainda a reforma Trabalhista, a privatização dos bancos públicos, a entrega do pré-sal às multinacionais e a reforma da Previdência. 

"Todo esse processo é um desmonte do mercado de trabalho. Querem transformar a Previdência pública uma privada, daí destroem a pública. O ato inaugural do golpe criminalizou nossa política fiscal. Este processo, que deu margem a meu impeachment, foi com aval da utilização do jurídico formal", conta. 

“Por de trás da palavra privatização está a palavra desnacionalização. É um ataque a soberania. Atacaram os direitos dos trabalhadores e querem destruir o país”, disse o ex-chanceler Celso Amorim em relação à privatização da Embraer.

Sindicalistas e parlamentares internacionais em defesa de Lula

Os ataques à democracia e ao Estado de Direito no Brasil estão atraindo a solidariedade de personalidades, intelectuais e sindicalistas do mundo todo. Cerca de 50 entidades sindicais, representando mais de 30 países, enviaram uma carta de repúdio à justiça brasileira e em defesa da democracia e do direito de o ex-presidente se candidatar. Personalidades e entidades sindicais de várias partes do mundo intensificam a campanha no Exterior e expressando sua solidariedade a Lula, ao Brasil e aos trabalhadores e trabalhadoras brasileiros.

"Essa mobilização está ocorrendo dentro e fora do Brasil em defesa do Lula, da democracia e do Estado Democrático de Direito. O número de manifestações que estamos recebendo do movimento sindical é impressionante, já passa de 50 países", disse Antonio Lisboa, Secretário de Relações Internacionais da CUT.

Diante do forte ataque do setor judiciário aos movimentos populares, Marita Gonzáles, Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) da Argentina, afirma que tem um interesse forte das grandes corporações por trás desse processo contra o ex-presidente. "Querem um projeto neoliberal para reduzir direitos coletivos e individuais", disse a dirigente.

Segundo o deputado argentino do Parlasul, Oscar Laborde, a perseguição a Lula é a mesma que ocorre com várias lideranças de esquerda na América Latina. “Foi o mesmo processo que aconteceu com Cristina Kirchner, que aconteceu com Fernando Lugo, no Paraguai, e em Honduras, com Manuel Zelaya”, relembra o parlamentar da Frente Transversal.

O evento Diálogos Internacionais sobre a Democracia, promovido pela Fundação Perseu Abramo e Fundação Maurício Gabrois, foi realizado na sede da Fetrafi-RS, em Porto Alegre. A atividade contou com a participação de lideranças políticas da América Latina e da Europa e de centenas de militantes, que lotaram o auditório do sindicato.

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